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Engenharia Hospitalar, o abismo brasileiro


A carência de qualificação em uma área vital para a melhoria da saúde.

A figura do Engenheiro Hospitalar, profissional com expertise na infraestrutura predial hospitalar e com conhecimento das regulamentações do setor da saúde é cada vez mais necessária nos complexos projetos de estabelecimentos assistenciais de saúde (EAS).

As construções hospitalares tornaram-se verdadeiros desafios para a engenharia, devido principalmente às normas específicas, aos padrões estabelecidos pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), aos equipamentos com alta complexidade de instalação e à necessidade de um cuidado inerente no controle de infecção hospitalar durante a obra.

O engenheiro hospitalar exerce funções essenciais na condução do projeto e na construção de clínicas e hospitais, realizando a interface com arquitetos hospitalares, médicos, enfermeiros e engenheiros clínicos, além da constante preocupação com a manutenibilidade das edificações após a inauguração.

Dentro deste contexto, são alarmantes as carências de profissionais qualificados e de empresas especializadas na área da engenharia hospitalar no Brasil.

Enquanto a arquitetura hospitalar e a engenharia clínica ganham cada vez mais força, a geração de conhecimento acadêmico na área da engenharia hospitalar ainda possui baixo volume no Brasil. HISTÓRIA DO SETOR

A arquitetura hospitalar possui uma rica história no cenário nacional, protagonizada por figuras emblemáticas como o arquiteto e engenheiro Jarbas Karman que atuou na área hospitalar desde a década de 50 e posteriormente o arquiteto e médico Domingos Fiorentini, que, além de muitos outros importantes personagens, contribuíram para o crescimento deste segmento.

Quando o assunto é Engenharia Clínica os dados são mais recentes, mas nota-se que a área vem se solidificando e ganhando respeito e notoriedade dentro dos EAS. O setor começou a ganhar destaque no Brasil na década de 90, quando foram instituídos cursos acadêmicos, como, por exemplo, o curso de especialização em Engenharia Clínica da Unicamp – Universidade Estadual de Campinas / SP.

Nos Estados Unidos da América, a Engenharia Clínica teve seu inicio nas décadas de 60 e 70 com a evolução da tecnologia nos hospitais, o aumento dos custos com saúde e a necessidade de aumento da segurança elétrica dos equipamentos médicos.

Destaca-se como marco no setor de Engenharia Hospitalar a criação da Anvisa em 1999 e posteriormente a publicação da RDC n° 50 em 2002, resolução que regulamenta a elaboração de projetos físicos de EAS.

ENGENHARIA HOSPITALAR PELO MUNDO

Ao navegar além das fronteiras brasileiras, entende-se melhor a importância do setor de Engenharia Hospitalar, comprovada através de cursos específicos em diversas universidades, empresas especializadas em obras hospitalares e organizações que reúnem conhecimento e ditam as tendências do setor. No âmbito acadêmico, aparecem cursos e especializações em universidades como na Universidade de Toronto, no Canadá, e na Universidade do Texas, nos EUA, além da certificação para profissionais que comprovam sua experiência e conhecimentos na área de Engenharia Hospitalar, a CHC – Certified Healthcare Construction.

No mercado da construção, é relevante a presença de empresas especializadas em obras hospitalares, como a HDC – Health Design and Construction, ABC – Avenue Building Company e IHCC – International Hospitals Construction, sediadas nos EUA, Reino Unido e Arábia Saudita, respectivamente.

Outro ponto a se destacar são as associações, federações e sociedades, como, por exemplo, a ASHE – American Society for Healthcare Engineering, a Canadian Healthcare Engineering Society e a IFHE – International Federation of Hospital Engineering.

CHEGOU A VEZ DA ENGENHARIA HOSPITALAR NO BRASIL

Existem ações que fomentam o setor no Brasil, entre elas, a Feira e Fórum Hospitalar, o Congresso Brasileiro de Engenharia e Arquitetura Hospitalar e o Congresso Brasileiro para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar.

A ABDEH – Associação Brasileira de Desenvolvimento do Edifício Hospitalar e o IPH – Instituto de Pesquisas Hospitalares também exercem papel relevante no desenvolvimento do setor. Dentro da escassez de matérias e cursos nas universidades nacionais que abordam a engenharia hospitalar, a pós-graduação do Centro Universitário FEI em Engenharia e Manutenção Hospitalar é referência.

Para que o setor de Engenharia Hospitalar ganhe a relevância que merece, as universidades brasileiras devem incorporar conteúdo específico de construção hospitalar nos cursos de engenharia e promover atividades de capacitação para atender a potencial demanda do mercado, assim como a presença de um engenheiro hospitalar qualificado deve ser figura necessária nas construções de clínicas e hospitais.

Estas ações, associadas ao que já existe e acompanhando a tendência internacional, contribuirão para o fortalecimento deste segmento da engenharia e para a melhoria da infraestrutura da saúde no Brasil.

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